Porventura não tem o homem duro serviço sobre a terra? E não são os seus dias como os do jornaleiro?
Como o escravo que suspira pela sombra, e como o jornaleiro que espera pela sua paga,
assim se me deram meses de escassez, e noites de aflição se me ordenaram.
Havendo-me deitado, digo: Quando me levantarei? Mas comprida é a noite, e farto-me de me revolver na cama até a alva.
A minha carne se tem vestido de vermes e de torrões de pó
Os meus dias são mais velozes do que a lançadeira do tecelão, e chegam ao fim sem esperança.
Lembra-te de que a minha vida é um sopro
Os olhos dos que agora me veem não me verão mais
Tal como a nuvem se desfaz e some, aquele que desce à sepultura nunca tornará a subir.
Nunca mais tornará à sua casa, nem o seu lugar o conhecerá mais.
Por isso não reprimirei a minha boca
Sou eu o mar, ou um monstro marinho, para que me ponhas uma guarda?