No princípio

Refere-se ao momento do tempo em que o universo começou a existir. Conforme versão sustentada pela ciência, tal momento teria ocorrido há cerca de 15 bilhões de anos, quando houve a chamada Big Bang ou Grande Explosão, que deu origem ao universo tal qual o conhecemos.

Assim, o princípio pode ser entendido, não como o começo absoluto, mas um ponto de divisão entre o que havia antes e o que passou a existir depois. O depois representa o universo que ai está. Quanto ao antes, não é possível estabelecer uma tese definitiva e incontestável, pois não dispomos de elementos para tal. 

Podemos, entretanto, indicar duas situações possíveis:

1) nada existia a não ser o Logos, que preencheu o espaço ao longo da eternidade passada; ou seja, só Deus existia;

2) existia uma versão anterior do universo, que sucedeu outra anterior a ela e assim indefinidamente. A atual é uma etapa de um processo eterno ou, talvez, uma das infinitas versões de universos diferentes e inimagináveis que se sucederam ao longo da eternidade passada, em ciclos determinados por Deus. Assim como teve um princípio, este universo terá um fim, sendo sucedido por outro, que por sua vez será sucedido por outro, ao longo da eternidade futura.  

A primeira situação é a mais aceita pela maioria por ser mais simples, não requerendo maiores esforços de abstração para ser entendida.

A segunda idéia, por outro lada, embora complexa, me parece mais plausível, principalmente se o conhecimento científico for levado em consideração. Numa escala menor, é fácil observar que a natureza é constituída de processos cíclicos, como as estações, as fases da lua, os dias e os anos.

Ora, se tudo o que se observa é cíclico, por que não o seria também o universo, numa escala colossalmente maior?

criou Deus

Há dois significados para o termo criar neste contexto: 1) Deus criou o universo a partir do nada, ou de si mesmo e, 2) a criação foi uma transformação física na estrutura do universo, que teria existência paralela com o criador.

Há os que defendem a tese de que o universo não teve criador, mas sempre existiu, governado por suas próprias leis, que se estabeleceram ao acaso.

Todos são unânimes, pelo menos aqueles que são dotados de inteligência e razão, em afirmar que este universo é governado por leis que podem ser conhecidas e reproduzidas. O universo é uma entidade organizada e previsível, embora, conforme já discutimos nos comentários de João 1:1, esteja em constante processo de mudança.

A existência da ordem é sinal de ação inteligente no sitema, sem a qual, tudo tende para a desordem. Assim, é inconcebível sustentar que a matéria tenha se organizado ao mero acaso ao ponto de produzir seres tão complexos e elaborados como nós, capazes de explorar os mistérios de suas próprias origens.

Portanto, baseado na ordem universal, podemos inferir que o universo foi criado, a partir da própria essência do criador, o chamdo Logos, que ao mesmo tempo sustenta e dirige o universo segundo as leis naturais previamente estabelecidas. Não há, até o momento, meios de se comprovar cientificamente a existência do criador. Mas as evidência falam por si.

É importante ressaltar, também, que a criação não se deu como ato instantâneo, mas como processo. Seguindo o princípio universal de causa e efeito, certas coisas são necessárias para que outras ocorram. Segundo esse raciocínio, podemos concluir que o processo da criação é permanente, ou seja, o universo é diferente a cada momento, como consequência das mudanças que são implementadas a cada segundo, conforme as leis naturais previamente establecidas.

os céus e a terra

Os céus e a terra não vieram á existência simultaneamente. De acordo com a versão da ciência, a criação do universo ocorreu há 15 bilhões de anos, mas a criação da terra teria ocorrido há cerca de 4,5 bilhões de anos, ou seja, os céus foram criados muito antes da terra, cerca de 10,5 bilhões de anos antes.

Por criação dos céus, entendo a criação de tudo, exceto a terra. O termo céus, no texto, são todas as galáxias, buracos negros, nebulosas, estrelas, etc, incluindo o próprio sol, cuja origem se deu há 5 bilhões de anos, ou cerca de 500 milhões de anos antes da existência da terra.

É absolutamente arcaica e insustentável a versão apresentada pela própria Bíblia,segundo a qual o sol surgiu após a terra. Por mais absurda que seja a idéia, parte significativa dos cristãos ainda a defedem. É importante lembrar que há pouco tempo a humanidade acreditava que a terra era estática e que o resto do universo girava em torno dela. A ciência porém demonstrou que o geocentrismo foi uma tolice, sustentada pela ignorância que dominou a maior parte da civilização, até o Renascimento.

Portanto, é necessário entender que aqui há uma distinção entre céus e terra. E a ordem fica também estabelecida, ou seja, primeiro foram criados os céus e depois a terra. 

É importante lembrar que toda essa narrativa da criação é uma metáfora, o que significa que não deve ser interpretada em sentido literal.